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E, ainda assim, brincaram 

 

"quão mais promissoras são as perguntas: podem os animais brincar? Ou trabalhar? E ainda: será que eu posso aprender a brincar com esta gata? Posso eu, o filósofo, responder a um convite ou reconhecer um quando ele é oferecido? E se trabalho e brincadeira, e não apenas piedade, se abrissem quando a possibilidade da resposta mútua, sem nomes, fosse levada a sério como uma prática disponível para a filosofia e a ciência? E se uma palavra utilizável fosse alegria? E se a questão de como os animais engajam responsivamente o olhar uns dos outros tomasse o centro do palco para as pessoas? E se fosse esta a pergunta, uma vez seu protocolo tendo sido propriamente estabelecido, cuja forma muda tudo? (Haraway, 2008, p. 22) 

 

Em primeiro lugar, parece, é a possibilidade da resposta, e não da mera reação do animal, que se deve considerar. O sofrimento, por mais terrível e sério que seja, retira dos animais – não só dos animais – a sua possibilidade de agir: perguntar “‘eles podem sofrer?’ consiste em perguntar-se ‘eles podem não poder? [...] Poder sofrer não é mais um poder, é uma possibilidade sem poder, uma possibilidade do impossível’” (Derrida, 2002, p. 55). O que mudaria caso o eixo se deslocasse, caso se considerasse aquilo que os animais podem? O modo como respondem, agem, criam? Em suma, que outra política se abriria para além da piedade, do poder soberano, da inoperosidade?

 

 JULIANA FAUSTO

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